Nuvem pessoal

Há algumas semanas escrevi aqui mesmo uma coluna sobre NAS, sigla de “Network Attached Storage”, uma forma bastante conveniente de armazenar arquivos para quem usa redes domésticas e deseja centralizá-los em um único dispositivo sem esvaziar a conta bancária. Há diversos fabricantes deste tipo de equipamento, mas usei como ilustração o iX2 da Iomega por uma razão elementar: é o que mantenho já há alguns anos em minha própria rede doméstica.

A Iomega era uma empresa independente que fabricou por muito tempo os populares “Zip Disks”. Depois, foi adquirida pela EMC que a conservou como uma unidade autônoma. E, ao que parece, o pessoal da EMC do Brasil leu a coluna, pois seu Gerente Geral para América Latina Guilherme Soares entrou em contato com este vosso criado informando que a Iomega pretendia lançar no Brasil um novo produto explorando o mesmo conceito e indagando se eu teria interesse em discutir os detalhes e esclarecer possíveis dúvidas diretamente com Joel Schwartz, Vice Presidente da EMC responsável pela unidade Iomega, que eventualmente se encontrava no Brasil.

Sim, teria, respondi. E foi assim que tomei conhecimento da tecnologia “Personal Cloud”.

Antes de seguir adiante, uma observação. Havia, na história em quadrinhos “Flintstone”, um personagem chamado “Uruca” (“Schleprock”, na edição em inglês) tão azarado que, aonde ia, arrastava uma pequena nuvem sombria que pairava permanentemente sobre sua cabeça. Era sua nuvem pessoal, classicamente um ícone de má sorte.

Pois bem: definitivamente isto nada – absolutamente nada mesmo, muito pelo contrário – tem a ver com a “Personal Cloud” da Iomega. Pois, neste caso, a referência a “cloud” (nuvem, em inglês) está ligada ao novo conceito de armazenamento de arquivos “na nuvem”. Uma tecnologia usada por diferentes empresas (como Google, com seus “Google Docs” e Microsoft, com seu “Share Point”) que permite ao usuário conectado à Internet e que tem acesso ao serviço gravar lá seus arquivos, recuperá-los para edição quando necessário e mantê-los por lá mesmo sem ocupar espaço nos discos rígidos de seu próprio computador.

Mas “lá” onde?

Pois é justamente este o ponto que originou a designação “nuvem”: o “onde”, não importa. A única coisa que importa é que para todos os efeitos práticos o arquivo está sempre acessível e seguro (nos dois sentidos mais usados da palavra em informática: “seguro” porque não será perdido ou corrompido e “seguro” porque somente poderá ser acessado por quem o gravou ou pessoa por ele credenciada). Porém, como o serviço é oferecido via Internet, o “dono” do arquivo não sabe – e nem precisa saber – em que dispositivo físico ele se aninha. Sabe apenas que o arquivo repousa em um servidor que pode estar situado a um par de quadras de sua casa ou em Timbuktu (caso algum lusoparlante perdido em Timbuktu venha a ler estas mal traçadas, favor trocar a cidade exemplo para qualquer outra fora da África; afinal, quem publica na Internet nunca sabe por onde se espalha sua nuvem de leitores…). Os arquivos podem até, sem qualquer intervenção do usuário, mudar de um servidor para outro e manter uma cópia de segurança em um terceiro, estando todos no mesmo prédio ou cada um em um continente. O conjunto de servidores pode ser coeso e se abrigar em uma única sala ou, ao contrário, se dispersar por toda a rede mundial, formando uma “nuvem” difusa de dispositivos de armazenamento (por isso o nome). Como os servidores estão interligados e submetidos ao controle do prestador do serviço, o “dono” do arquivo, esteja onde estiver, sempre que desejar (e se qualificar, fornecendo sua identidade e senha) terá acesso garantido a seus arquivos via Internet não importa onde estejam armazenados.

Serviços como os prestados pela Microsoft e Google são exemplos do conceito de “nuvem pública”, ou seja, qualquer pessoa pode ter acesso a ela sem grandes burocracias e, eventualmente, sem custos. Mas há também o conceito de “nuvem privada”.

Isto porque algumas corporações passaram a usar a “nuvem” para suas atividades diárias. Empresas como a Amazon e a SalesForce (que apresenta um interessante vídeo em português explicando o conceito de “nuvem empresarial”) oferecem seus servidores e, se desejado, aplicativos e suporte técnico, enquanto outras, eventualmente de médio e grande portes, as contratam para cuidar do armazenamento de dados e se livram das preocupações de adquirir, manter, operar e administrar servidores e seus adereços, deixando esta tarefa a cargo da contratada. Que passa a cuidar do armazenamento dos dados da contratante em caráter privado (ou seja, mantendo-os segregados dos das demais empresas para as quais o serviço é prestado). É claro que isto tem um custo, em geral pago sob a forma de assinatura fixa mensal ou taxas proporcionais ao uso do sistema.

Pois bem: agora, com os novos dispositivos da Iomega, surge o conceito de “nuvem pessoal”. Cujo custo limita-se ao investimento inicial na compra do equipamento.

O objetivo da Iomega ao criá-la, segundo Mr. Schwartz, um simpático americano apaixonado pelo Brasil, foi atender ao usuário doméstico, que mantém arquivos importantes em seus discos rígidos e pretende conservá-los em segurança e acessá-los de mais de um ponto, e às pequenas empresas com até cem funcionários, que não desejam manter em seu quadro um especialista em tecnologia da informação já que o produto dispensa pessoal treinado seja para a instalação, seja para a operação e manutenção.

O conceito é simples: a tecnologia Personal Cloud transforma um dispositivo tipo NAS de armazenamento em rede em um “servidor de nuvem”, fazendo com que seus arquivos possam ser acessados tanto diretamente, através da rede local onde está instalado, quanto remotamente, via Internet.

É claro que o sistema vem cercado de segurança. Além de permitir acesso exclusivamente a usuários autorizados usando “login” seguro, admite a ativação de criptografia AES de 128 bits para garantir inviolabilidade quando os arquivos transitarem pela Internet.
Home Media da Iomega

O dispositivo da Iomega que permite criar sua Personal Cloud responde pelo pomposo nome de “Home Media Network Hard Drive Cloud Edition” (veja-o na figura, imagem de divulgação da Iomega) mas, na intimidade, o chamaremos apenas de “Home Media”. Foram lançados no Brasil dois modelos, o menor com capacidade de um TB (TeraByte) e o maior com o dobro disto (mas Mr. Schwartz confidenciou que brevemente teremos ainda um modelo de 6 TB). Os preços sugeridos pela Iomega, tendo em vista as potencialidades do equipamento, são surpreendentemente acessíveis: R$ 599 e R$ 899 respectivamente.

A grande vantagem do Home Media não está apenas na sua funcionalidade de armazenamento em rede. O verdadeiro “pulo do gato” está no acesso seguro via Internet. Desta forma uma pequena empresa que precise compartilhar arquivos com um punhado de colaboradores (“punhado” é força de expressão: o sistema consegue administrar até 250 usuários) distribuídos por vários locais – no mesmo prédio ou em diferentes continentes – pode estender este compartilhamento a qualquer ponto que admita acesso via Internet. E a única limitação será a rapidez da conexão de cada usuário.

No que diz respeito ao conjunto hardware / software, o Home Media não é apenas um dispositivo de armazenamento, é um completo servidor de arquivos dotado de seu próprio sistema operacional (baseado em Linux) e software de controle: o já bastante testado e conhecido LifeLine da Iomega que, ainda segundo Mr. Schwartz, já ultrapassou a marca dos quinhentos mil usuários em todo o mundo, mais do que qualquer outro sistema da EMC. E vem com um pacote de aplicativos que permite compartilhar dados e informações com máquinas rodando tanto o próprio Linux quanto Windows ou MacOS. E o melhor: sua instalação e configuração é feita em minutos, sem o concurso de um especialista.

Com seus utilitários, o Home Media conectado a um roteador aceita acesso remoto (e seguro) de qualquer parte do mundo, pode transmitir fotos, áudio e vídeo diretamente para dispositivos como Xbox 360, PlayStation, iTunes, TVs, reprodutores de mídia e um monte de outros e compartilhar qualquer tipo de arquivo. E, caso se disponha de outro dispositivo NAS, pode-se interligá-los para criar automaticamente cópias de segurança dos dados. A quem estiver interessado, sugiro uma visita à página “Personal Cloud” do sítio da Iomega para assistir um filmete em português que explica muito bem explicadinho em linguagem de leigos estas e outras funcionalidades do Home Media.

É certo que existem outros dispositivos tipo NAS que permitem armazenamento e compartilhamento de dados via acesso remoto. Mas, honestamente, para fazer isto com as facilidades da tecnologia Personal Cloud introduzidas pela Iomega nos seus Home Media e com uma relação custo/benefício tão favorável, não conheço concorrente.

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